O exame documental em reprografias é um assunto polêmico dentre os especialistas em Documentoscopia. Alguns defendem que a análise deve ser feita, mesmo limitada, para evitar que, em caso contrário, o indivíduo se utilize deste aspecto para se livrar da peça original e o exame não aconteça. No entanto, analisando tecnicamente, aspectos como rasuras, cruzamento de traços e sinais de decalques podem não ser percebidos nestes casos. Então, como assegurar pela autenticidade do documento tendo como base uma reprografia? Na análise grafotécnica, sendo uma determinada imagem de assinatura inautêntica ou não, como garantir que ela realmente faz parte do documento original ou foi “montada” utilizando recursos de edição de imagem? Resumindo, ao analisar uma reprografia, o que confirma que ela seja cópia fiel do documento original ou até que ponto houve a falsificação?
Exame de verificação dos dados: O primeiro passo para o exame é verificar se o documento possui registro em algum órgão oficial, como um cartório ou junta comercial. Caso o documento em cópia apresente indicadores de registro, como selos, autenticações, carimbos, números de livros de tombo e não exista o respectivo registro no órgão responsável, já se configura um documento falso. Não sendo este o caso, e realmente não havendo acesso ao documento original, resta o exame em reprografia, tomando todo o cuidado que esta análise merece.
Exame documental: O exame pode ocorrer, tendo como objetivo a verificação de sinais de adulteração que podem ser perceptíveis em cópias, como repasses e obliterações, por exemplo. Contudo, a análise documental em cópia já está comprometida, pois, mesmo que não sejam observados tais sinais de alteração, não se pode ter certeza de que eles não existam no documento original; por outro lado, pode ter havido a intenção de demonstrar na cópia, que existe algo de errado no sentido de induzir alguém a pensar que o documento original está adulterado.
Exame grafotécnico: Em relação ao exame grafotécnico, apesar das perdas consideráveis de elementos gráficos, o exame não é impossível. Claro que existem outros aspectos a serem considerados, como a qualidade da cópia ou uso da ampliação/redução, por exemplo. Na reprografia, a imagem fica planificada, prejudicando a visualização de aspectos dinâmicos do grafismo, relacionados aos elementos subjetivos, como pressão e velocidade. Defeitos no cilindro e/ou fusor da copiadora podem acrescentar marcas inexistentes no documento original. Ao mesmo tempo, alguns elementos como ligações, finalizações e sinais gráficos podem também não ser observados. O confronto é feito basicamente mediante aspectos formais.
Então, se o exame é limitado, que utilidade possui a análise em reprografias?
Realmente o exame em cópias não é conclusivo, pois para ser considerado autêntico, o documento precisa ser analisado como um todo, e isto só poderá ser feito no documento original. O exame da cópia terá a descrição da peça como o Perito a visualiza, com todos os detalhes que ele consiga perceber e com a conclusão de que a imagem de assinatura é oriunda de assinatura autêntica/inautêntica, não havendo a garantia de que ela esteja presente naquele documento. Por outro lado, o resultado desta avaliação pode indicar alguns aspectos relevantes, que com o decorrer da investigação, podem auxiliar no esclarecimento dos fatos.